Na linha de trabalho que caracteriza o processo artístico de Gonçalo Incendiàrio, há dois elementos chave que o atravessam de ponta-a-ponta: o fogo e o tempo.
Aos oito anos de idade, e pelo fascínio do poder do fogo, Gonçalo incendeia por acidente a montra da loja da mãe. Assustado mas inebriado pelo poder que o fogo transmite, jamais esquece este momento. Mais tarde, e depois de um adormecimento de anos, já em processo de desenvolvimento artístico no ensino superior, o fogo é redescoberto como ferramenta de trabalho constante, desta vez conceptual. Metáfora de um corpo que se remói sobre si próprio, redescoberto consciencializado da sua condição enquanto ser, escandalizado pelo Nada e pelo infinito que a Morte representam. O Fogo corrói o suporte da mesma forma que estas assombrações corroem o pensamento, num processo de construção influenciado pelos automatismos do surrealismo. O fogo desenha uma linha de tempo sobre o suporte, delimitando-se a si próprio, assinalando o seu processo, da sua ascensão à sua queda.
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Esta exposição surge tendo como base a ideia de corpo enquanto casa. Lugar de habitação, de pessoas e da ausência delas, memórias, sentimentos e emoções, alegrias e amarguras, vazios. Um lugar cheio de potencial. De poderes e repressões. De marcas, sinais, cicatrizes, feridas ainda, hemorragias. Um corpo como uma casa, que é afinal um (auto)retrato.
As feridas desinfectam-se com álcool, elemento volátil e inflamável. A minha mãe dizia-me em pequeno: "o que arde, cura!"
Gonçalo
A par desta mostra, será feito na inauguração, o lançamento do terceiro volume da fanzine "Frºda-a-Berta", da autoria do próprio com a colaboração de:
Diogo Greg
Erica Lou
Gonçalo Silva & Pedro Lopes (a.k.a. Neurotoxin)
Joana Simões
Maribel Sobreira
Nuno Lacerda
Patricia Ricardo
Pedro Ferreira
Rita Nobre
Tiago da Neta
Teodora Boneva
portfolio: http://www.cargocollective.com/acoldzero
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